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“Agora, pois, dá-me este monte de que o Senhor falou naquele dia; porque tu ouviste, naquele dia, que estavam ali os anaquins, bem como cidades grandes e fortificadas. Porventura o Senhor será comigo para os expulsar, como ele disse.”(Josué 14:12)

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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

TEÍSMO ABERTO OU HERESIA VELADA?


Alguma vez você já se perguntou se foi você mesmo quem tomou aquela importante decisão de receber a Cristo em sua vida ou se foi Deus quem a tomou por você? Já chegou a questionar se realmente tem “liberdade” de escolha para decidir por si mesmo ou se Deus já determinou todas as coisas a seu respeito? Se a sua resposta for afirmativa, é sinal de que você já experimentou a tensão que deu origem ao Teísmo Aberto – uma perspectiva teológica relativamente nova que amplia o alcance do livre-arbítrio humano e alega que Deus não conhece o futuro.
Concebido em 1980 (com a publicação do livro de Richard Rice, intitulado The Openness of God [A Abertura de Deus]) o Teísmo Aberto surgiu no cenário teológico evangélico nos idos de 1990, chegando ao centro desse palco no ano de 1994 com a publicação do livro The Openness of God: A Biblical Challenge to the Traditional Understanding of God [A Abertura de Deus: Um Desafio Bíblico à Concepção Tradicional de Deus].[1]

Clark Pinnock, um dos autores dessa última obra referida, adere ao Teísmo Aberto “porque [Deus] concede liberdade às Suas criaturas, alegra-se em aceitar o futuro como uma realidade aberta, não fechada, e em manter um relacionamento dinâmico com o mundo, não estático”.[2]
Entretanto, será que tal “abertura” é bíblica?

O contexto histórico

Há centenas de anos as pessoas lutam com dois ensinos da Bíblia aparentemente incompatíveis entre si: a determinação global e onisciente [por parte de Deus] de tudo o que acontece em Sua criação (denominada “providência” ou “presciência”) e a liberdade e responsabilidade humanas de escolher seu próprio caminho (chamada de “livre-arbítrio”). Essa antinomia bíblica apresenta a soberania divina e a responsabilidade humana numa situação de convivência mútua. Entretanto, o raciocínio humano procura solucionar a situação com a exclusão de uma delas.

As Escrituras Sagradas descrevem Deus como Criador absolutamente soberano e onisciente“que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade [...] para louvor da sua glória” (Ef 1.11-12) e para o próprio bem dEle e de Suas criaturas. Aqueles que dão ênfase a esses elementos, normalmente identificam-se com o reformador protestante francês João Calvino (1509-1564).

João Calvino (1509-1564).

Contudo, as Escrituras também descrevem a responsabilidade humana: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16). Conseqüentemente, outros crêem que a visão determinista do Criador e de Seu cosmos diminui a responsabilidade do ser humano e a importância da glória de Deus. Tais pessoas têm uma inclinação para o que entendem ser uma posição mais justa, que enfatiza a natureza autônoma das escolhas humanas. Elas se identificam com o teólogo holandês Jacobus Arminius (1560-1609).

O Teísmo Aberto é uma tentativa recente de se encontrar um meio-termo aceitável.

Os argumentos

Clark Pinnock alega que o Teísmo Aberto é necessário para que as criaturas de Deus sejam expressivamente agentes pessoais livres. Essa abertura significa que Deus não determina, aliás, Ele nem mesmo sabe um resultado ou desdobramento futuro até que os agentes pessoais livres façam suas escolhas. Ao advogar tal abertura como a melhor solução para a tensão da soberania divina versus a responsabilidade humana, Gregory Boyd considera “a abertura de Deus quanto ao futuro como um dos seus atributos de grandeza”, porque, “um Deus que [...] tem a disposição de se comprometer com um determinado elemento de risco é mais sublime do que um Deus que contempla um futuro eternamente estabelecido”.[3]

Boyd insiste na idéia de que a abertura não diminui a presciência de Deus; pelo contrário, uma vez que as ações futuras dos agentes pessoais livres ainda não aconteceram, não existe nada nesse domínio que Deus tenha de saber.[4]

Entretanto, o Teísmo Aberto se apresenta como uma séria ameaça à concepção bíblica de Deus, o Deus que conhece todas as coisas – reais e possíveis – sem nenhum esforço e igualmente bem. O assunto dessa controvérsia, em vez de ser periférico e incidental, é, de fato, fundamental e danoso para a teologia evangélica.

Bruce Ware, um opositor do Teísmo Aberto, escreveu:

Nossa concepção da providência de Deus exercerá obrigatoriamente uma influência sobre o cotidiano da vida e prática cristã de inúmeras maneiras [...] cometer um erro aqui, é criar milhares de problemas, tanto teológicos quanto práticos.[5]

O Teísmo Clássico (posição na qual cremos) ensina que a onisciência soberana de Deus, de onde se origina Sua presciência, prepondera sobre a liberdade humana; essa natureza de Deus não pode ser menosprezada por uma ênfase exagerada na responsabilidade do ser humano. O fato de que a perspectiva tradicional de Deus, por vezes, é mal expressada ou ridiculariza Deus como “um monarca altivo alheio às contingências do mundo, imutável em todos os aspectos do seu ser [...] um poder irresistível que determina tudo, ciente de tudo o que vai acontecer e que nunca corre riscos”,[6] não quer dizer que o evangelicalismo clássico ignore as tensões geradas pela revelação bíblica.

O Teísmo Aberto não soluciona esse problema da antinomia bíblica. Ele simplesmente remete a discussão para um outro ponto do espectro. A questão agora, passa a ser a seguinte: o que constitui uma livre ação futura em contraste com uma futura ação que não seja livre (i.e., determinada)?

De acordo com o teísta aberto William Hasker, “um agente é livre no que se refere a uma certa ação em dado momento, se naquele momento estiver no poder do agente a capacidade de realizar tal ação e também a capacidade de abster-se dela”.[7]

Entretanto, os teístas abertos adotam um conceito de liberdade humana inadequado que chega a ser quase libertário. John Frame, em seu livro No Other God [Não há Outro Deus], explica:
Os defensores do livre-arbítrio [i.e., os libertários] afirmam que só podemos ser considerados responsáveis por nossas ações se tivermos esse tipo de liberdade radical. O princípio no qual se baseiam é bastante simples: se nossas decisões são induzidas por qualquer coisa ou qualquer pessoa (inclusive nossos próprios desejos), não se pode dizer que são decisões genuinamente nossas e, portanto, não podemos ser considerados responsáveis por elas.[8]

Na realidade, somente Deus é verdadeiramente livre. A liberdade humana é relativa. Em última análise, o relacionamento da soberania e presciência divinas com a liberdade e responsabilidade humanas está muito além do alcance da compreensão das criaturas (humanas e angelicais). Uma vez que a liberdade das criaturas é obviamente limitada (por exemplo, pela força da gravidade), é mais correto admitir a existência dessa antinomia, exaltar o caráter de Deus e permitir que a autonomia humana seja reduzida até enquadrar-se na responsabilidade biblicamente ordenada.

Os perigos

1. O Teísmo Aberto menospreza a glória divina


Na realidade, somente Deus é verdadeiramente livre. A liberdade humana é relativa. Em última análise, o relacionamento da soberania e presciência divinas com a liberdade e responsabilidade humanas está muito além do alcance da compreensão das criaturas (humanas e angelicais).
O Teísmo Aberto dá crédito à criatividade e à desenvoltura de Deus quando Ele consegue “instigar” os agentes morais livres a agirem de conformidade com os planos e caminhos dEle.

Ao perguntar-se acerca do que acontece “quando o índice de sucesso de Deus diminui”, Ware menciona que os teístas abertos reconhecem que “a liberdade possibilita que males horríveis e despropositais venham a acontecer. Embora Deus tente evitar tal sofrimento horrível, dizem eles, há muitas ocasiões em que Ele, simplesmente, não consegue evitá-lo”. Nesse caso, Deus tem que assumir a responsabilidade pelo fracasso de Seus planos.

Em lugar de um Deus temível que controla e dirige tudo o que acontece sem o mínimo esforço, temos que abrir espaço para um Deus que trabalha fazendo horas extras para se manter à frente de todas as livres decisões morais, previamente desconhecidas e inexistentes, tomadas a cada instante de cada dia.

2. O Teísmo Aberto menospreza a esperança humana

A partir de tal perspectiva, o nosso precioso versículo bíblico de Romanos 8.28, deve ser lido da seguinte maneira: “a maioria das coisas coopera para o bem, desde que Deus consiga instigar as pessoas ao meu redor”, em vez de “sabemos que todas as coisas cooperam [i.e. que Deus leva todas as coisas a cooperarem] para o bem daqueles que amam a Deus”.
Não teremos mais condição de dizer, como declarou José a seus irmãos: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim, porém Deus o tornou em bem, para fazer como vedes agora, que se conserve muita gente em vida” (Gn 50.20).

Se Deus consegue apenas resultados parciais na concretização de Seus propósitos, como afirmam os teístas abertos, então Ele talvez não seja bem sucedido no cumprimento de Seus propósitos para a minha vida. Porém, o apóstolo Paulo afirmou exatamente o contrário:“Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” (Fp 1.6).

Se Deus consegue apenas resultados parciais na concretização de Seus propósitos, como afirmam os teístas abertos, então Ele talvez não seja bem sucedido no cumprimento de Seus propósitos para a minha vida.
Ao invés de ter um Deus que não conhece aquilo que ainda está por acontecer, é confortador, e até mesmo um tanto assombroso, saber que “...não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas” (Hb 4.13).

3. O Teísmo Aberto menospreza a confiabilidade profética

Lá se foi o amor pela Palavra de Deus e por Suas promessas referentes ao futuro, as quais amamos ler e considerar. Um crítico do Teísmo Aberto disse: “imagine só o compositor do hino tentando animar os desvalidos com estas palavras: “Não sei o que de mal ou bem é destinado a mim [...] mas eu sei em quem tenho crido, o qual também não conhece o meu futuro”.

4. O Teísmo Aberto menospreza o futuro de Israel

Após rebelar-se por repetidas vezes e frustrar o plano de Deus para ela, será que a nação de Israel ainda poderia ter um restinho de esperança de que Deus cumprirá as promessas que lhe fez? Ter-se-ia que reconhecer o fracasso de Deus em Sua criatividade e poder de persuasão no passado e perder as esperanças na competência de Deus quanto ao futuro.

A conclusão inevitável a que tal pensamento leva é que a posse da Terra de Israel é uma questão de quem se apoderar dela, visto que Deus não conhece o futuro, nem predeterminou o resultado final.

Será que a nação de Israel ainda poderia ter um restinho de esperança de que Deus cumprirá as promessas que lhe fez?

Por outro lado, Paulo declara que a atual condição de Israel faz parte de um inescrutável plano de Deus para a Sua própria glória: “Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia [...] Logo, tem ele misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe apraz” (Rm 9.16,18).

O Teísmo Aberto é uma tentativa de modelar uma forma mais conveniente de liberdade humana, à custa da concepção de Deus ensinada no Teísmo Clássico. Todavia, em seu desdobramento final, menospreza a glória de Deus para exaltar a liberdade do homem. É um esforço de produzir a conclusão final acerca de uma antinomia bíblica que está muito além da compreensão das criaturas. E, nesse intento, o Teísmo Aberto prejudica a confiança do crente tanto na providência benigna de Deus, quanto em Sua Palavra profética. (Richard Emmons - Israel My Glory - http://www.chamada.com.br)

Notas:

  1. Ware, Bruce A. God’s Lesser Glory: The diminished God of Open Theism. Wheaton, IL: Crossway Books, 2000, p. 31.
  2. Pinnock, Clark. “Systematic Theology” publicado na obra The Openness of God: A Biblical Challenge to the Traditional Understanding of God, da autoria de Clark Pinnock, Richard Rice, John Sanders, William Hasker e David Basinger. Downers Grove, IL: InterVarsity, 1994, p. 103-4.
  3. Boyd, Gregory A. God of the Possible, Grand Rapids, MI: Baker Books, 2000, p. 14-5.
  4. Ibid., p. 16-7.
  5. Ware, p. 13.
  6. Pinnock, p. 103.
  7. Hasker, William. “A Philosophical Perspective”, publicado na obra The Openness of God, p. 136-7.
  8. Frame, John M. No Other God: A Response to Open Theism, Phillipsburg, NJ: P&R Publishing, 2001, p. 121.
Publicado anteriormente na revista Chamada da Meia-Noite, julho de 2006.


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A queda de um ditador

A QUEDA DE UM DITADOR

Dálton Curvello
“Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não entra em vós. Eu falo do que vi junto de meu Pai, e vós fazeis o que também vistes junto de vosso pai. Responderam, e disseram-lhe: Nosso pai é Abraão. Jesus disse-lhes: Se fósseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão. Mas agora procurais matar-me, a mim, homem que vos tem dito a verdade que de Deus tem ouvido; Abraão não fez isto. Vós fazeis as obras de vosso pai. Disseram-lhe, pois: Nós não somos nascidos de prostituição; temos um Pai, que é Deus. Disse-lhes, pois, Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai, certamente me amaríeis, pois que eu saí, e vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou. Por que não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes ouvir a minha palavra. Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.”(João  8:36 a 44)
                Neste final de semana os noticiários do mundo todo informavam: Caiu o ditador Hosni Mubarak, após tantos dias de protesto e a morte de centenas de Egípcios que, descontentes com trinta anos de domínio exigiam sua liberdade. Agora os jornais nos informam que esse ditador, agora afastado, enriqueceu-se exorbitantemente, à custa da exploração do povo egípcio, praticando um sistema de corrupção instituída.
                Ao assistir as manifestações, parei um pouco para recordar os fatos dos últimos trinta anos, em que praticamente nunca se ouviu falar de descontentamento no Egito. Curiosamente, essa mesma revolução segue sua conta libertadora, movida principalmente através da internet e que ainda resultará na queda de outros ditadores...
                Mas que eu quero chamar a atenção para um fenômeno semelhante, que invade os redutos new-gospel tupiniquins. Nos últimos anos, temos visto algo semelhante nos redutos evangélicos da ala Neo-pentecostal, em que ditadores (pastores, bispos, apóstolos, o nome varia, mas o cargo é o mesmo...) dominam com mão de ferro uma multidão de habitantes (fiéis, seguidores, membros), garantindo seu enriquecimento e escorados num sistema humano e corrupto. Porém, nos últimos meses, começa a se esboçar uma mudança neste cenário, em que creio eu, movidos pela mão de Deus, muitos têm se levantado para desmascarar, alertar esse povo cativo, chamá-los à liberdade.
                E não precisamos ir muito longe para ver algo assim. Aqui mesmo em Goiânia, eu presenciei o nascimento de um desses imperadores, cujo domínio eclesiástico a esta altura, tal qual Mubarak já começa a dar sinais de que  não engana mais toda a multidão, e em breve Deus o removerá. É lógico que no início desse processo há discussão entre o povo que o segue. Como no Egito, onde mesmo oprimidos e explorados, havia uma multidão de fiéis e cegos seguidores de Mubarak, dispostos a enfrentar os “infiéis rebeldes”, nesses redutos também ocorrem disputas, pessoas dispostas a defender seu iluminado líder apóstata.
                Meu conselho a esses ditadores, pseudo-pastores que transformam a Casa de Deus em sua empresa particular, utilizando-a como cabide de emprego para nora e filho, enriquecendo-se descaradamente sob o manto de “sustentar missionários no exterior”, ou coisa parecida, é que sigam o exemplo de Mubarak, pois Deus não vai permitir que essa situação se perpetue, e o povo já dá sinais de que anseia por liberdade.
                A VERDADEIRA liberdade, aquela à qual Jesus se refere quando nos diz “verdadeiramente sereis livres”.
                E você, caro leitor, é verdadeiramente LIVRE, ou sua espiritualidade é dominada por um desses ditadores gospel tupiniquins, que te incutem inúmeras superstições e medos, colocando-se como o “guru” da vez, o “ungido” infalível e com poderes sobrenaturais, mas que na realidade visa apenas e tão somente sua carteira?
                

sábado, 12 de fevereiro de 2011

TESTEMUNHAS.

DE QUEM ÉS TESTEMUNHA.
ACTOS 1:8.
"Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra."
Não testemunhas de uma igreja, de um líder, ou de uma denominação, mas de Jesus.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

SIMPLICIDADE E PERMANÊNCIA

Simplicidade e permanência



Ricardo Barbosa de Sousa

De vez em quando gosto de reler “Cartas de um Diabo a seu Aprendiz”, de C. S. Lewis. Sua habilidade em perscrutar os labirintos da tentação me impressionam. Ele nos ajuda a reconhecer nossa enorme ingenuidade e a profunda sagacidade do inimigo.

Em uma dessas cartas, o Diabo reconhece que o verdadeiro problema dos cristãos é que eles são “simplesmente” cristãos. O laço que os une é a vida comum que eles têm em Cristo. Ele então aconselha seu sobrinho: “O que nós desejamos, se não houver mesmo jeito e os homens tiverem de tornar-se cristãos, é mantê-los num estado de espírito que eu chamo de cristianismo e alguma outra coisa [...]. Substitua a fé em si por alguma moda com colorido cristão. Faça com que tenham horror à Mesma Coisa de Sempre”. 

A “mesma coisa de sempre” nos deixa entediados. Ser “simplesmente” cristão, para muitos, não é suficiente. Precisamos de coisas novas. Sempre. Modelos novos de igreja, um jeito diferente de cantar, formas inovadoras de culto, estratégias sofisticadas de crescimento, e por aí vai. Somos movidos pelas novidades, não pela profundidade. Nosso interesse está na variedade, não na densidade. 

O reverendo A. W. Tozer, num artigo intitulado “A velha e a nova cruz”, comenta o mesmo fenômeno: “Uma nova filosofia brotou dessa nova cruz com respeito à vida cristã, e dessa nova filosofia surgiu uma nova técnica evangélica -- um novo tipo de reunião e uma nova espécie de pregação. Esse novo evangelismo emprega a mesma linguagem que o velho, mas o seu conteúdo não é o mesmo e sua ênfase difere da anterior”.

O Diabo, na carta ao seu sobrinho aprendiz, diz: “O horror pela mesma coisa de sempre é uma das mais preciosas paixões que incutimos no coração humano -- uma fonte infinita de conselhos estúpidos, de infidelidade conjugal e de inconstâncias na amizade”. A lista poderia se estender, mas o que se encontra por trás desse “horror pela mesma coisa de sempre” é a grande atração pelo novo seguida de uma profunda distração pelo essencial. O que a novidade faz é direcionar nossa atenção para outras preocupações, dando mais valor aos meios e não aos fins. 

A formação espiritual cristã sempre requereu, basicamente, obediência a Cristo no seu chamado a proclamar o evangelho, fazer discípulos, integrá-los numa comunidade trinitária e ensiná-los a guardar a sua palavra. Ensiná-los a se comprometerem com o serviço como expressão de amor para com o próximo e com o cultivo e a prática de disciplinas espirituais como oração, jejum, arrependimento, confissão, leitura e meditação nas Escrituras e contemplação. 

Não importa o quanto nossas igrejas e ministérios sejam sofisticados. Não importa o volume de novidades e tecnologias que oferecemos. Se no final não encontrarmos as mesmas coisas de sempre, significa que nos perdemos com o meio e não alcançamos o fim. 

Existem dois aspectos que considero fundamentais na experiência espiritual cristã: simplicidade e permanência. Quando perguntaram para Jesus como o reino de Deus viria, ele respondeu afirmando o seu caráter discreto. Não viria com grande estardalhaço. Se estabeleceria dentro daqueles que o confessam como Senhor e Rei. Jesus apresenta um evangelho que transforma de dentro para fora. O que o vaso contém é infinitamente maior e mais valioso que o vaso. Ele cresce como uma pequena semente de mostarda. A simplicidade está na natureza própria do evangelho.

A permanência define o caráter pessoal e relacional da fé. Permanecer em Cristo é permanecer ligado como galho na videira. É somente nessa permanência que recebemos de Cristo sua vida e a transmitimos aos outros. Permanecer é mais do que conhecer -- é manter-se em constante e dinâmico relacionamento. As novidades não transformam o caráter; a permanência, sim. Para C. S. Lewis, a maturidade é algo que “todos alcançam na velocidade de sessenta minutos por hora, independentemente do que façam e de quem sejam”.

• Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de “Janelas para a Vida” e “O Caminho do Coração”.
Extraído de : REVISTA ULTIMATO

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

NO SILÊNCIO TU ESTÁS

NO SILÊNCIO TU ESTÁS
“E Deus lhe disse: Sai para fora, e põe-te neste monte perante o SENHOR. E eis que passava o SENHOR, como também um grande e forte vento que fendia os montes e quebrava as penhas diante do SENHOR; porém o SENHOR não estava no vento; e depois do vento um terremoto; também o SENHOR não estava no terremoto; E depois do terremoto um fogo; porém também o SENHOR não estava no fogo; e depois do fogo uma voz mansa e delicada. E sucedeu que, ouvindo-a Elias, envolveu o seu rosto na sua capa, e saiu para fora, e pôs-se à entrada da caverna; e eis que veio a ele uma voz, que dizia: Que fazes aqui, Elias?” (1Reis 19:11 e 12)
                Você tem ouvido a voz de Deus? Muitas vezes procuramos a presença de Deus nos templos, nos louvores por vezes ensurdecedor. Outros esperam encontrá-lo em manifestações mirabolantes, estrondosas. Alguns esperam “sentir o sobrenatural”. Mas e você, como tem buscado a presença maravilhosa do Senhor?
                Hoje quero compartilhar o vídeo abaixo, do pastor Rob Gell, intitulado “NOISE” (ruído). Uma apresentação muito interessante e que nos leva a meditar no assunto. No texto citado acima, Elias foi chamado à presença de Deus, que não se apresentou nem no vento forte, ou no terremoto, ou no fogo, mas sim na voz mansa e suave.
PENSE NISTO


quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

CONTEÚDO ADULTO

CONTEÚDO ADULTO
Por Zé Luís

Eis aí um conjunto de palavras capaz de gerar nas pessoas os mais diversos comportamentos:

“Esse conteúdo contém cenas de violência, sexo, nudez...”
“O que vai nesse pacote é algo que crianças não devem assimilar... ainda...”
“ Será que é daqueles conteúdos proibidos em diversos países?”
“Sou crente: não devo absolver este tipo de porcaria...”

Quando garoto, em um Brasil que ainda vivia as imposições da Ditadura, víamos antes de qualquer programação, uma espécie de certificado na tela da TV, com uma voz de rádio AM, informando a faixa etária para qual a programação era veiculada.

A molecada se divertia com uma série de filmes que passava nas madrugadas de sábado, chamada “Sala Especial”, com filmes brasileiros horríveis, mas com a grande chance de exibir rapidamente um ou dois seios. Só maiores de dezoito podiam ver aquilo. Eram os anos 70,

Pouco mais de trinta anos se passaram, e o conteúdo adulto permitido mudou:

Qualquer criança acessa pornografia do tipo que for, seja nudez, sexo entre héteros, homos, animais, objetos, seja com desejo, dor, raiva ou seja lá o que uma mente possa dar vazão. Isso quando essas mesmas crianças não acabam por fazer parte deste material pornô, com gente culta e respeitável.

Aquelas cenas de violência onde o sujeito nitidamente pulava morto antes do tiro ser disparado (e só vistas nas altas madrugadas) deram lugar à necrópsias detalhadas na hora da jantar. Diversas séries trabalham o perfil psicológico de assassinos seriais, e alguns ganham até devotos dos mais sinceros. Onde o sangue espirra? Qual o melhor produto para que ele não deixe o DNA reconhecível? Como esconder um cadáver?

Com nossos padrões morais e éticos gradativamente deturpados, nossas histórias – sejam filmes, novelas, séries, comédia ou drama – estão sempre recheadas de adultérios aceitáveis, mentiras em forma de piadas, tudo em nome da liberdade, seja lá que liberdade é essa.

Mas desta bagunça toda que nossos olhos e ouvidos consomem, sempre me admiro com a postura de muitos cristãos: totalmente infantis na forma de encarar essas situações. Justo quem deveria er uma postura madura se comporta como um bebê assustado.

É louvável que um cristão tente se manter limpo destas "conatminações", mas isso não lhe dá o direito de comportar-se como uma desavisada criança.

A bíblia em si é, na maioria das vezes, é de conteúdo adulto:

Jesus não morre com pouco sofrimento, e a humilhação moral a qual foi submetido (incluindo morrer nu em público – não havia aquela fralda na cruz) nos é uma imagem tão forte que não houve filme que teve a coragem de retratar tal cena. Entre gente desgraçadamente leprosa, loucos, endemoniados, doentes de todas as pestes, o mal cheiro dos esgotos abertos, os dentes mal cuidados. Cenas dignas de um C.S.I.

O estupro de Diná, e o assassinato de seus algozes por seus irmãos, os filhos de Jacó, quando eles estavam acamados por conta das dores de sua recém-circuncisão(o corte de parte da pele do pênis) não é uma cena chocante?

Judá transa com a nora, pensando ser uma prostituta, e acaba por engravida-la, tendo neste bebê, Perez, da descendência de Cristo. Não parece porno-chanchada?

Davi engravida a mulher de seu “funcionário”, e ao descobrir isso, manda colocar-lo numa posição para morrer em batalha, mesmo quando ele demonstra ser um seguidor fiel, que daria a vida por seu Rei. Que trama terrível, digna de um seriado a la "Dallas" ou "Pássaros Feridos".

Ser prostituta naquela época, onde não haviam ginecologistas, higiene, um chuveiro descente, ou mesmo o senso de quantos homens elas podiam ter por dia, podia ser uma das cenas mais asquerosas (ou desejáveis na visão de alguns). E a bíblia apresenta várias, incluindo Raabe, que casa com um judeu da linhagem de Perez e, consequentemente, da de Jesus.

A descrição vista em Cantares de Salomão é de uma relação sexual voluptuosa e encharcada de desejo.

Deus nos quer adultos, maduros, gente que tem equilíbrio para lidar com estas coisas. Não nos oculta nada.

Pode acontecer de gente escolhida ter nos recantos de sua alma, coisas dessas mofando debaixo do colchão: uma vontade imperdoável de Cain em suas unhas, aquela curiosidade mórbida por contemplar destroços humanos em ferragens de um acidente, ou a necessidade de vislumbrar a nudez alheia em situações das mais bizarras.

Nos envergonhamos com a nossa inabilidade de lidar com essas coisas, esquecendo o quanto isso é visto por Aquele que vê todas as coisas, o tempo todo, pelos séculos dos séculos.

Isso tudo não é algo para os maiores de 18, 21, 30 ou meio século. Creio que nos falta conteúdo para suportar conteúdos, e Deus sabiamente, nos poupa disso. 

O que me indigna é a forma mística-infantil que tantos “ adultos” passam a encarar estas coisas, a ponto de fazer disso sua teo-filosofia de massas, e tenta nos convencer que é esta a forma cristã para lidar com essa ou aquela situação “imoral”, ocultando sua formação, titalmente pessoal, que o levou a concluir aquele comportamento.

Por que a MULTIforme Graça de Deus seria UNIforme quando a mente humana se fragmenta em diversos cacos ao se formar, e aquilo que é monstro para mim para o outro é belo. Por isso, a necessidade deste Deus que habita em cada um, o Emanuel, conosco.

Alguém que possui conteúdo adulto jamais se impressionará com os alertas de Conteúdo adulto: aprende  - as vezes a duras penas - a distinguir o que edifica ou não, e deve aprender que certas curiosidades podem ser brechas a serem corrigidas, ou mesmo ferramentas a serem usadas pelo Mestre na conclusão do projeto que Ele tem para cada um.
Texto extraído de : CRISTÃO CONFUSO (Cadê você, Zé Luiz?...)

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

ESTÃO OFERECENDO DROGAS NA IGREJA !

ESTÃO OFERECENDO DROGAS NA IGREJA

Hermes Fernandes
Prometa-me que vai ler até o fim…

“No meio da sua praça, em ambas as margens do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês. E as folhas da árvores são para a cura das nações.” Apocalipse 22:2

Para quem imagina que o tema tratado em Apocalipse seja o fim do mundo e a vida na eternidade, como explicar o verso acima?

A Nova Jerusalém descrita no capítulo anterior é uma figura da igreja de Cristo, uma vez que é apresentada como a esposa do Cordeiro. Ora, que outra esposa Ele teria senão Sua igreja? Trata-se, portanto, da sociedade dos santos, locomotiva da civilização do Reino de Deus.

Se a Nova Jerusalém fosse algo a ser esperado no futuro, para além da História, que sentido faria seus muros? De quê a cidade precisaria se proteger, já que os inimigos de Deus terão sido aniquilados?

O vidente João diz que não havia templos na cidade. Portanto, não se trata de uma sociedade religiosa. O Cristianismo original não pretendia ser uma nova religião, mas a pedra fundamental de uma nova civilização. 

Embora não houvesse santuários, havia uma praça. O que isso nos diz? Praça fala de vida social, de interação, lugar de encontro, de diálogo, de luz, fora das quatro paredes. E no meio desta praça, em vez do coreto encontramos uma árvore.

Quem é, afinal, o centro de todas as nossas atividades? Quem ocupa o lugar central de nossas existências? De quem nos alimentamos? Em quem encontamos o fruto da vida eterna? Não há outra resposta possível senão uma: CRISTO! Ele é a Árvore da Vida! Foi Ele quem disse: “Quem de mim se alimenta, por mim viverá!”

Seus frutos não são esporádicos, mas constantes. Toda estação é propícia para dar seus frutos.

O que mais chama a minha atenção neste verso em particular é a última sentença.

Naquela época era comum o uso de folhas como remédio. É daí que vem o hábito de tomar chá, fartamente cultivado nas cidades grandes. Ninguém duvida do poder medicinal que tem algumas plantas. Lembro-me do quanto chá de quebra-pedra tive que tomar quando sofri de cálculos renais. E ainda hoje, quando não consigo dormir, recorro ao chá de camomila ou de erva-doce.

Como se processa o chá? Folhas são deixadas por alguns minutos em água fervendo. Aos poucos, a água vai absorvendo as propriedades da planta, mudando sua coloração. O nome deste processo é infusão.

Estudos sugerem que o chá tem muitas propriedades benéficas importantes, por exemplo: é anticancerígeno, aumenta o metabolismo, ajuda o sistema imunológico, reduz o mau-hálito, diminui o stress, tem efeitos até sobre o HIV.

A folhagem da árvore da vida aponta para a inserção da igreja na vida social do mundo. Em vez de assimilarmos, somos assimilados.

Isso explica porque Deus não removeu Seu povo deste mundo. Nossa vocação promordial é a de ser sal da terra, provendo não apenas sabor, mas também preservação.

Para tal, temos que estar inseridos na xícara (mundo), liberando nossas propriedades terapêuticas.

Em vez disso, tornamo-nos numa sociedade extremamente religiosa e alienada do mundo. Cristo almeja curar as nações, e o único remédio de que dispõe já foi ministrado: é a presença da igreja no mundo.

A igreja precisa inserir-se na cultura, nas ciências, na política, no mundo empresarial, na educação, etc. Não me refiro à igreja como instituição, mas como organismo vivo, representado por cada um dos seus membros.

Marx tinha razão. A religião é o ópio do povo. Trazendo pra nossa realidade latino-americana, diríamos que a religião é a cocaína do povo. De onde vem a cocaína? Ou mesmo a maconha? De folhas. Tais plantas foram igualmente criadas por Deus, e têm, comprovadamente, propriedades medicinais. Porém, Deus não as criou para serem fumadas, ou transformadas em pó para ser inaladas.

Da  mesma forma, a impressão que se tem é que a igreja entrou no ramo de tráfico da droga religiosa. Estamos oferencendo ao mundo o produto da árvore da vida processado para ser fumado e cheirado.

Que efeito a droga produz no usuário? Entorpecimento. Quem usa droga fica desligado da realidade. Cria até uma espécie de realidade paralela, onde a fantasia se confunde com o mundo real. Até que ponto a mensagem que tem sido pregada em nossos púlpitos não tem efeito alucinógeno nos crentes?

Que pena! O que deveria ser remédio, virou droga. E que droga!!!

Ao invés de nos posicionarmos no centro da praça, preferimos a comodidade dos guetos. Sentimo-nos mais seguros na pinumbra, com nossa subcultura, nosso evangeliquês imbecilizado. Enquanto isso, a criação segue aguardando impaciente a manifestação dos filhos de Deus.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

PRESO E AINDA NO COMANDO?

PRESO E AINDA NO COMANDO?

“Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?”(Romanos 7:18 a 24)

A revista VEJA desta semana trás estampada em sua capa a foto de Fernandinho Beira-Mar, conhecido traficante carioca, com a Manchete: PRESO E AINDA NO COMANDO.

A reportagem relata como, apesar de detido em presídios de segurança máxima, o sujeito ainda consegue liderar sua quadrilha, utilizando-se das instalações que deveriam ser de segurança máxima, como seu escritório de segurança máxima.
Fiquei pensando... Quantos crentes não fazem o mesmo que o governo? Pensam que apenas aprisionando o mal conseguem vencê-lo, dominá-lo. E o resultado fica lá, preso e ainda no comando!
Paulo fala a respeito disso em Romanos sete. Quando afirma que o querer está nele, mas não consegue realizar. Ou seja, confessa que não tem domínio sobre a situação. Consciente do pecado que está, fruto da Lei, declara-se incompetente para vencer a luta, incapaz de manter preso esse seu “velho homem”. Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? Esse foi seu grito de socorro, seguido da declaração “Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor”.
Meu irmão, essa é a resposta. Esse é o único capaz de manter o “velho homem” realmente detido. Pare de tentar vencer sozinho. Olhando o mundo à nossa volta, em especial para as igrejas evangélicas, creio que esta manchete poderia tranquilamente ilustrar qualquer jornal de igreja, qualquer dos milhares de boletins que circulam aos domingos: PRESO E AINDA NO COMANDO.
Liberte-se! Declare-se incompetente para vencer sozinho, Transforme-se pela leitura da Palavra. A Bíblia nos diz: “Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus.“ (Mateus 22:29).

sábado, 5 de fevereiro de 2011

UMA LIÇÃO NA IGREJA DE ÉFESO

Uma lição na igreja de Éfeso (Ap. 2. 2-4)


“Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu os achaste mentirosos. E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste. Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor.” (Apocalipse 2:2 a 4)

Alan Brizotti
Sempre que lemos sobre a Igreja de Éfeso, estamos em contato com a atmosfera abençoada do Primeiro Amor. Aqui há uma forte lição: a Igreja não é lugar para os “profissionais da fé”, é lugar para quem quer desenvolver o Primeiro Amor.

A Igreja de Éfeso era uma Igreja que trabalhava. Uma Igreja que vivia a ética, sabia distinguir entre o certo e o errado. Com habilidade teológica e doutrinária para reconhecer os falsos apóstolos. Era uma Igreja perseverante, fiel, constante, uma boa Igreja... Entretanto, esqueceu o Primeiro Amor. Ela não tinha abandonado o amor a Cristo, mas tinha abandonado o Primeiro Amor.

Era uma comunidade cristã vivendo como alguns casamentos que já duram vinte, trinta anos. O casal ainda se ama, mas não mais com a mesma intensidade. A Igreja de Éfeso amava a Deus, mas não mais como o amou um dia. O Primeiro Amor é sensível, espontâneo, apaixonado e apaixonante. Corre mais riscos. Preocupa-se mais com o outro. Lança-se completamente ao outro. É menos cínico mais companheiro. Está sempre dando sem pedir nada em troca. É belo, encanta-se com o que é simples. Guarda num corpo pequeno um coração gigante, capaz de abraçar o universo. É generoso e leal. É uma chamada à vida plena. Tudo que esse amor faz é em nome do bem-estar do ser amado.

A Igreja de Éfeso tinha se tornado mais vigorosa; menos espontânea; mais eficiente; menos natural; mais crítica menos generosa, fazia tudo direito, mas não mais movida pelo amor. Precisamos compreender que o ativismo não substitui o amor. Martin Lloyd-Jones disse que “o ativismo é um homem girando em torno de si próprio”.

A grande lição da Igreja de Éfeso é de que precisamos resgatar o Primeiro Amor. Sem ele, nos tornamos frios, idealistas rígidos, matemáticos calculistas, perfeccionistas rasos. Permanecemos cristãos, mas o que nos motiva não é mais o amor, mas os deveres. É preciso resgatar o amor a Deus, ao próximo e a si mesmo. Sem amor não há espiritualidade.

“Enquanto a obediência é a justiça em relação a Deus, o amor é a justiça em relação aos outros”. A. Plummer


Até mais...


Alan Brizotti

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Motivados em Reconciliar

MOTIVADOS EM RECONCILIAR
Paulo Júnior
De repente, se conseguíssemos terminar com a tarefa de evangelizar todo mundo, o que faríamos  em seguida?

Muitos poderiam dizer: vamos para o céu. 

Veja, porém, que a resposta está a um passo muito perto de dizermos que estamos evangelizando as pessoas para, enfim,  encerrarmos o nosso serviço e  gozarmos de férias,  irmos logo para o céu.

A igreja, em muitos momentos na História, conseguiu concluir uma tarefa, com a motivação errada, pensando em cumprir um serviço e por isso não souberam o que fazer depois da tarefa concluída. Depois de um tempo tão forte de avivamento as igrejas não sabiam o que fazer no dia seguinte e o que fizeram, na verdade, foi se dividirem. 

Jesus disse: "Eu tenho dado a minha glória à vocês, (não para que vocês possam empreender muitas coisas) mas para que vocês sejam um  e para que, assim, o mundo creia que o Pai me enviastes."

No entanto, o que ocorre é que quando Deus nos dá uma visão, uma direção, todas as nossas atenções se voltam, geralmente para a ação. A pergunta que surge geralmente é: "o que fazer?"O problema,muitas vezes, está no fato de não conferimos as nossas motivações.
Deus não está interessado na nossa ação . Não é ação da igreja que vai mudar o mundo mas sim, a motivação dela. A glória de Cristo que é compartilhada à nós para que sejamos um. 

Qual é o motivo das suas ações?

Qual a nossa motivação em fazer as coisas?

Um sábio, certa vez, foi se banhar nas águas do Rio Gandhi, para se purificar. Ao longe ele viu uma mulher nadando e observou quando ela entrou na água sem roupa. De longe ele viu aquela  imagem e por mais que ele tentasse se purificar aquela mulher não lhe saia da cabeça. Ele não resistiu e foi até ela tentar seduzi-la. Chegando perto ele percebeu que a mulher estava toda manchada de branco, ela era leprosa. 

Naquele momento a mulher se virou para ele e o home percebeu que além de leprosa ela era feia e velha. Nada do que ele estava  pensando. 

Então ele voltou pra onde estava e voltou a se purificar. Ao sair da água ele  pensou; "ainda bem que não me contaminei"

Muitas vezes é assim que temos encarado a vida. Fazemos a coisa certa pelo motivo errado. Aquele homem pecou duas vezes com aquela mulher. Se ele tivesse chegado perto dela e levado a cabo o que estava querendo, ele teria pecado menos. Ele teria pecado o pecado que ele pensou. 

Mas ele pecou de novo, primeiro quando a desejou e  depois quando a repudiou.

Em nenhum momento aquele homem estava pensando no que mais deveria lhe interessar: a outra pessoa.

Sabe por que grandes avivamentos falharam? Porque em algum momento, as pessoas pararam de pensar no outro e começaram a pensar em si mesma. Talvez elas nunca tenham parado de pensar em si mesmas, uma vez que evangelizar é uma forma, que muitos têm como a certeza de irem para o céu.

Quantas vezes não estamos usando as pessoas para viabilizar as nossas expectativas e necessidades?

O maior desafio da igreja nesses dias é amar pessoas, é  eliminar as barreiras e remover separações.

O maior desafio da igreja é viver em unidade.

A palavra de Deus diz que Aquele que esta em Cristo é uma nova criatura. Isso quer dizer que não apenas as nossas ações são novas, mas as nossas motivações. 

Será que temos aprendido com Jesus  apenas a fazer diferente ou aprendemos a fazer as coisas com razões diferentes?

Quantas vezes estamos na igreja tentando aprender a fazer algo diferente ao invés de aprender uma razão diferente para fazer as coisas

Quantas vezes ainda pensamos em nós mesmos, sendo motivados pelo nosso próprio interesse e expectativa, ao invés de entendermos o ministério de Deus dado a nós que é o de reconciliarmos as pessoas à Deus e  as pessoas , umas com as outras? 

A unção que já foi derramada sobre nós é a unção  de reconciliar, de ajuntar, de reunir. É a unção da amizade porque a inimizade já foi destruída na cruz.

Extraído de : SALTATERRAGO.COM

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Morrer por Jesus, ou VIVER por Ele?

MORRER POR JESUS OU VIVER POR ELE?

“Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que estais num mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho.”(Filipenses 1:27)
                Hoje quero compartilhar o vídeo abaixo OneTimeBlind - How can you die for Me, para refletirmos sobre como anda nosso relacionamento com Jesus. Será que é algo apenas virtual, que funciona “por espasmos”e unicamente enquanto dura a emoção do culto de domingo, ou representa uma mudança no viver diário?
                Por mudança no viver diário entenda-se compreender e observar qual seja a vontade de Deus para nosso viver diário. Tem muita gente que sofre de dupla personalidade espiritual, fazendo de conta que é crente, mas mantendo práticas incompatíveis com a fé que professa. É nos detalhes que percebemos a diferença. Jesus disse: “Portanto, pelos seus frutos os conhecereis”(Mateus 7:20)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Quando a igreja não é IGREJA

QUANDO A IGREJA NÃO É “IGREJA”...

Caio Fábio
Igreja tem de ser coisa de gente de Deus, de gente livre, de gente sem medo, de gente que anda e vive, que deixa viver, que crê sempre no amor de Deus; e, sobretudo, é algo para gente que confia, que entrega, que não deseja controlar nada; e que sabe que não sabe, mas que sabe que Deus sabe...

Somente gente com esse espírito pode ser parte sadia de uma igreja local, por exemplo...

Entretanto, para que as pessoas sejam assim, seus pastores precisam ser assim...

Se o pastor é assim, tudo ficará assim...

Ou, então, o tal pastor não emprestará a sua vida para o que não seja vida, e, assim, bem-aventuradamente deixará tal lugar de prisão disfarçada de amor fraterno...

Em igreja há problemas... É claro... Afinal, tem gente...

Mas nenhum problema humano tem de ser um escândalo para a verdadeira igreja de gente boa de Deus.

Numa igreja de Deus ninguém tem de ser humilhado, adúlteros não têm de ser “apresentados” ao público, ladrões são ajudados a não mais roubarem, corruptos são tratados como Jesus tratou Zaqueu, e hipócritas são igualmente tratados como Jesus tratou os hipócritas; ou seja: com silêncio que passa, mas, ao mesmo tempo, não abre espaço...

Na igreja de gente boa de Deus fica quem quer e até quando deseje... E quem não estiver contente não precisa ser taxado de rebelde e nem de insubordinado... Tal pessoa é livre para discordar e sair... Sair em paz. Sem maldições e sem ameaças; aliás, pode sair sem assunto mesmo...

Na verdadeira igreja não há auditores, há amigos.
Nela também toda angústia humana é tratada em sigilo e paz.

Igreja é um problema?...
Sinceramente não acho...

Pelo menos quando a igreja é assim, de gente, para gente, liderada por gente, com o propósito de fazer de toda gente um humano maduro — então, creia: não há problemas nunca, pois, os problemas em tal caso nada mais são do que situações normais da vida, como gripe, febre ou qualquer outra coisa, que só não dá em poste de ferro...

Tudo o que aqui digo decorre de minha experiência...
Não é teoria...
Pode ser assim em todo lugar...
Mas depende de quem seja o pastor...
E mais, se o povo já estiver viciado demais nem sempre tem jeito...

Entretanto, se alguém decide começar algo do zero, então, saiba: caso você seja gente boa de Deus, e que trate todos como gostaria de ser tratado, não haverá nada que não seja normal, pois, até as maiores anormalidades são normais quando a mente do Evangelho em nós descomplicou a vida.

Pense nisso!...

Nele,

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

ALERTA GERAL

ALERTA GERAL



“O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se. Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão. Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato, e piedade, Aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão? Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça. Por isso, amados, aguardando estas coisas, procurai que dele sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz. E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição. Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que, pelo engano dos homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados, e descaiais da vossa firmeza; Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém.” (2Pedro 3:9 a 18)
Dálton Curvello
                Em minha carreira de bancário, tive oportunidade de participar de inúmeros treinamentos, na realidade, durante meu tempo de gerente de banco, participei de todos os existentes no Banco do Brasil. Quando de um M.B.A. realizado na UFMG/BH, tivemos um módulo que tratava de leitura de cenário. Nesse treinamento, aprendemos a analisar os diversos acontecimentos ao longo do tempo, de maneira a interpretar o cenário que se desenhava para o futuro. Bastante interessante, e que tem sido muito útil, mesmo já tendo passado quase quinze anos.

                Observando os acontecimentos dos últimos meses, fatos, notícias, repercussões, chego cada vez mais à conclusão de que Deus está movendo algo grandioso e que a cada dia está mais próximo.

É fato que a cada dia vemos mais mensagens na blogosfera denunciando os falsos pastores e suas maracutaias para se perpetuar no comando de “suas” igrejas-empresa. Inúmeras postagens tratam dos efeitos nocivos dos vendilhões da fé para os cristãos incautos, ou mesmo para os pseudo-cristãos, que aceitam vender-se tal qual o MICA e o LEVITA citado em Juízes 17. São aqueles freqüentadores de igrejas sabidamente heréticas, com fins meramente lucrativos aos seus proprietários, mas que ali permanecem por comodismo ou mesmo por que o pastor, ao receber suas polpudas ofertas os abençoa, como o faziam os profetas nos dias pré-destruição de Jerusalém.


Como está escrito em 2Timóteo2:15: “Pois vai chegar o tempo em que as pessoas não vão dar atenção ao verdadeiro ensinamento, mas seguirão os seus próprios desejos. E arranjarão para si mesmas uma porção de mestres, que vão dizer a elas o que elas querem ouvir.”

Na revista Istoé desta semana trás em sua matéria de capa, a manchete: O NOVO ASTRO DA FÉ, retratando a trajetória do Valdemiro Santiago, ex-IURD, que fez um CTRL-C/CTRL-V e criou a IMPD, fenômeno de crescimento no Brasil. Triste? O pior, a meu ver, é um pequeno detalhe na matéria, quer apresenta o segmento evangélico com conotação negativa, afirmando ainda que atualmente já foi detectado o fenômeno de migração de membros entre as igrejas evangélicas, fato que vem sendo explorado pelos vendilhões da fé de plantão.

Daí que, nesta leitura de cenário, eu fico na expectativa de que Deus está se movendo, expondo cada dia mais esses acontecimentos, cada dia mais os verdadeiros profetas de Deus para esta geração atual, como o GENIZAH, o HERMES FERNANDES, o RENATO VARGENS, e tantos outros fazem seus alertas, pois o dia do acerto de contas celestial está ficando próximo. Para nós, resta seguir a orientação de Paulo a Timóteo: Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que, pelo engano dos homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados, e descaiais da vossa firmeza; Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo.

RESUMINDO: LEIA A BÍBLIA meu irmão! Ela é o antídoto que vai te vacinar contra as investidas criminosas dos vendilhões da fé.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Você já Leu a Bíblia Hoje?

“E voltaram os setenta com alegria, dizendo: Senhor, pelo teu nome, até os demônios se nos sujeitam. E disse-lhes: Eu via Satanás, como raio, cair do céu.” (Lucas 10:17 e 18)

HERÓIS DE BARRO

HERÓIS DE BARRO


Carlos Moreira

É, talvez eu seja simplesmente como um sapato velho, mas ainda sirvo se você quiser, basta você me calçar que eu aqueço o frio dos seus pés”. Sapato Velho - Roupa Nova.


Não sei você, mas eu sempre tive a tendência de olhar para os homens e mulheres de Deus nas Escrituras como heróis. Cada vez que lia suas histórias minha lista de Hebreus 11 aumentava. Aqui e ali, ia adicionando nomes ao meu “rol dos fantásticos”.

Lembro que, desde sempre, mensurei a questão de forma simples: herói tem de ser herói mesmo! Gente resignada, obstinada, focada em um propósito existencial. Gente de envergadura, de caráter, que estivesse disposta a gastar a vida em prol de uma causa, de sofrer pela pureza de sua fé, de servir a todo custo, de soerguer-se das quedas, de perseverar nas situações mais dramáticas. Herói, para mim, tinha de ser de aço: firme, forte, inquebrável!

Mas os anos se passaram... E já se foram 28 desde que conheci a Jesus. Neste tempo acabei entendendo que heróis de aço são, no fundo, homens de barro. Sim amigos, heróis também cansam e caem, mesmo que não queiramos acreditar nisso. Heróis que nunca perdem só existem nas histórias em quadrinhos...

Cazuza, já no fim da vida, talvez alquebrado pelas dores da doença que o vitimou, consciente das banalidades da vida, da futilidade dos dias, da mesmice dos tempos, do vazio da alma, colocou em sua poesia urbana a frase “meus heróis morreram de overdose”. Os meus, é certo, disto não morreram, sobretudo porque suas causas eram outras. Mas, como a velha roda de moinho que se desfaz junto ao poço, também se esfarelaram pelos córregos da vida, deixando o pó das perdas e dores se diluir na pequena corrente de água que vai, como a existência humana, rio abaixo.

Hoje, depois que entendi que “as marcas marcam mais do que os marcos”, comecei a olhar para os meus heróis com um olhar mais pragmático, mas não menos misericordioso. Noé, meu irmão na fé, ficou tão embriagado a ponto de tirar a roupa e dançar nu; Moisés, olhando para o poder bélico do Egito, sugeriu que Deus escolhesse outro “otário” para libertar o Seu povo; Abraão, o pai da fé, com medo de morrer, mentiu ao Faraó dizendo que Sara, sua mulher, era sua irmã; Jacó roubou o irmão e, achando pouco, enganou o pai que estava cego; Sansão, o juiz de Israel, se enrabichou por uma meretriz que lhe roubou, não só o coração, mas também a vida; Gideão era covarde; Eli não soube criar os filhos; Saul vivia remoído pela inveja; Davi, depois de adulterar com a mulher de seu general, mandou traiçoeiramente matá-lo; Jó quis justificar-se diante de Deus como alguém inculpe; Jeremias sofria de baixa auto-estima e vivia amargurado; Elias, com medo de Jezebel, fugiu para o deserto, entrou numa caverna e deprimiu-se; Jonas torcia para que a cidade de Nínive fosse detonada. Não tenho dúvidas: pareciam homens de aço mas, no fundo, eram apenas heróis de barro!

Se sairmos do Velho Testamento e avançarmos pelo panteão de “ícones” do Novo a coisa não muda em nada. Tiago e João queriam dizimar com fogo a aldeia dos indefesos samaritanos; Judas, frustrado com o Senhor, vendeu-o por 30 moedas de prata e suicidou-se; Pedro, na hora do aperto, negou a Jesus, mesmo dizendo que por Ele morreria e Tomé, para completar o grupo dos “maravilhosos” discípulos de Cristo, duvidou de Sua ressurreição.

Para não ser cansativo, abreviei a lista dos “notáveis”... Deixei de fora, contudo, um homem que sempre me chamou a atenção na sua fraqueza: Paulo. Sim, o grande apóstolo, ao final de seus dias era apenas “Paulo, o velho”.

Lendo suas epístolas você verá que o ímpeto e o arrojo dos primeiros dias já não existiam no final. Saulo de Tarso, que sempre fora voluntarioso e prepotente, agora vivia em fraqueza. Sim, estou falando de Paulo, eu sei, com todas as cores que lhe são inerentes, com seus acertos e erros, com suas virtudes e defeitos. Um herói de aço frágil como o barro!

O “apóstolo dos gentios”, preso numa cela fria, privado do convívio da igreja, longe daqueles a quem amava, era apenas um vaso de barro, quebrado pela dureza dos dias, moído pela longevidade do tempo. O homem que parecia ser incansável nos seus propósitos, por fim, sentiu-se só. Afirmou: “todos me abandonaram”. Estava cansado, abatido, talvez com medo. Sentia-se, quem sabe, como um “sapato velho”, que ainda podia ser útil se fosse "calçado", mas, aquela altura, quem o desejaria "calçar"?

“A Igreja é o único exército que mata os seus feridos”. Caio Fábio. Os fracassos dos homens e mulheres de Deus não os desqualificam nem os tornam menores, pelo contrário, para mim, eles crescem ainda mais, sobretudo porque se tornam humanos, seres de barro, não de aço!

Por isso, continue seguindo, não deixe de lutar, “pelas armas da justiça, quer ofensivas, quer defensivas; por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama, como enganadores e sendo verdadeiros; como desconhecidos e, entretanto, bem conhecidos; como se estivéssemos morrendo e, contudo, eis que vivemos; como castigados, porém não mortos; entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo”.

Por que escrevi isto hoje? Não sei... Talvez porque esteja cansado, desiludido, e me sentindo só... A semana que passou foi muito difícil e toda segunda feira, diferentemente do que você talvez imagine, eu penso em parar. Sei que não sou um herói da fé. Talvez jamais seja. Não tenho estirpe para ser alçado a este platô. Mas, para um pequeníssimo grupo de irmãos e irmãs eu sou pastor. Sei que eles me amam e que esperam de mim uma postura compatível com o “cargo”. Mas sei também que, não raras vezes, não sou, nem de longe, o que eles precisariam que eu fosse. Não dá! Não consigo! Cansei de tentar ser de aço. No fundo, gostaria apenas de ser de barro, pois barro gente, se quebra mesmo...
Fonte:  Genizah e Nova Cristandade
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